Ainda era dia...
Na crista dos montes distantes,
A tarde bocejando se escondia
Nas nuvens douradas do horizonte.

Num galho próximo,
Duas juritis apaixonadas
Não se intimidavam
Com a arenga do bem-te-vi.

As rosas inquietas no jardim
Se agitavam de volúpia,
Desprendendo das suas corolas
O perfume que no ar se expandia.

Ainda era dia...
Quando o navio do tempo
Atracou no cais do desencontro
E ele a viu partir.

Nada fez para impedir
Nem poderia - ou poderia?
Nunca saberia!

No horizonte, algo ainda se via...
Um lenço agitado ao vento,
Ou uma gaivota seria?

Nada mais importava,
Ambos se foram...
Mas a dúvida, não!